Qua Paris é uma das cidades mais visitadas da Europa, todos sabemos. Cafés charmosos, ruas históricas, luzes românticas, lojas de luxo e turistas elegantes são a parte que todo mundo conhece. Agora esqueça todo esse lado “convencional” da capital francesa e vamos conhecer mais sobre Marselha, a segunda maior cidade da França.
Localizada na região sul do território francês e banhada pelo Mar Mediterrâneo, Marselha (ou Marseille) é a cidade mais antiga do país e tem um dos maiores portos da Europa. Por sua localização estratégica, Marselha sempre viu a chegada e entrada de imigrantes de várias partes do mundo, principalmente de países do Magrebe (norte da África) como Tunísia, Marrocos e Argelia, tornando a cidade litorânea um destino multicultural efervescente. A seguir vou mostrar um pouco mais sobre as principais atrações e meu ponto de vista sobre a cidade.
O que fazer em Marselha
Marselha é bem cosmopolita e isso pode ser notado nas ruas, onde você encontra comunidades das mais diferentes etnias, sobretudo no centro da cidade, repleto de lojas e até mesmo vendedores ambulantes. Se você quer conhecer Marselha, saiba que não são muitos os pontos turísticos propriamente ditos. Separei os lugares aonde você deve ir na cidade:
Vieux-Port
O Velho Porto é basicamente o coração da cidade, perto do centro e do mar. É lá onde está concentrada a maior parte dos turistas, que encontram diversos restaurantes, bares e lojas, principalmente na rua La Canebière. Vale a pena passear, comer e tomar algo por lá, seja de dia ou de noite, já que o Vieux-Porto é bem localizado.
Marselha conta com um transporte público de qualidade, com duas linhas de metrô, ônibus, trens e tranvías (aqueles modernos bondes elétricos). Eu recomendo fazer tudo a pé e do Vieux-Port você pode ir até o MuCEM (Museu das Civilizações da Europa e do Mediterrâneo) e os Fort Saint-Nicolas e Fort Saint-Jean, cada um em uma ponta do porto.
Basílica de Notre-Dame de la Garde
Como toda cidade europeia, Marselha também tem uma igreja famosa. A Basílica de Notre-Dame de la Garde (Basílica de Nossa Senhora da Guarda, em português) fica em uma colina, a mais de 150 metros acima do nível do mar. De lá, é possível ter uma vista 360° da cidade. A basílica é um dos monumentos mais imponentes e importantes de Marselha, além de ser considerada a guardiã da cidade. Os marselheses, principalmente marinheiros e pescadores, a chamam de “Bonne Mère” (Boa Mãe). Para subir até lá, você pode ir caminhando ou pegar um ônibus no Vieux-Port.


Le Panier e Le Cours Julien
Para quem gosta de sair, tomar uma cervejinha e curtir bares locais, esses dois bairros são os mais indicados. Marselha é uma cidade pulsante e tanto no Panier (bairro mais antigo da cidade) quanto no Cours Julien você vai encontrar muitas opções de “rolês alternativos”, com galerias, centros culturais, arte de rua e uma galera jovem, vibrante e boêmia.
Stade Vélodrome
Casa do Olympique de Marseille, o estádio Vélodrome é um dos maiores da França, com capacidade para mais de 67.000 pessoas. Tive a oportunidade de ver um jogo entre OM e PSG, e os torcedores locais são muito apaixonados. Já fui em outros jogos de futebol na Europa, mas nunca vi um ambiente em estádio europeu como aquele, se parecendo muito com a atmosfera das torcidas latinas. Para comprar ingresso, recomendo acessar ao site do Olympique e fazer o processo online. Nas ruas também é extremamente comum ver gente se vestindo as cores do time e até mesmo o uniforme inteiro, demonstrando o quão fanáticos eles são.


Cidades perto de Marselha para um bate e volta
Você pode chegar em Marseille por trem, carro, navio, ônibus ou avião, como foi o meu caso. O aeroporto é pequeno, desorganizado e um pouco antigo para uma cidade desse porte. Ele fica a cerca de 30 minutos do centro se você pegar o ônibus L091, que custa 10 euros e sai do aeroporto diretamente até a Gare St. Charles.
Na minha opinião, três dias são suficientes em Marselha. Caso queira conhecer outros lugares na região, você pode ir até o Parc National des Calanques, onde formações rochosas e água cristalina são o cenário para quem gosta de trilha, mar, aventura e natureza. Cidades como Cassis, Toulon, Arles e Aix-en-Provence também são boas alternativas, todas a mais ou menos uma hora de Marselha.
Marselha: amor x ódio
Marselha é uma cidade única, que transpira vida: geralmente, as pessoas amam ou odeiam. Ela tem muito pouco a ver com Paris, por exemplo. Ambas ficam na França, mas além de Marselha possuir mar, as diferenças não param por aí. Marselha é bagunça, caos e por vezes passa a sensação de ser insegura ou violenta. Eu mesmo presenciei briga de casal no meio da rua, muitos mendigos, gente encarando e torcedores baderneiros que batiam nas portas do metrô após a derrota no jogo.
Conheço gente que foi e não gostou, outras acharam o máximo. A impressão que tive é que Marselha é um pouco suja, sobretudo na região central e perto da estação principal (Gare St. Charles). Quando cheguei à noite, confesso que me senti acuado, e raramente isso acontece comigo fora do Brasil, menos ainda na Europa.
Gostei pelo fato de ser uma cidade autêntica, problemática e charmosa ao mesmo tempo, e por ter gente “louca” e humana, mesmo que muitas vezes o grafitti das ruas seja ocultado por pixações e os berros de euforia sejam abafados por confusão. Voltaria? Acredito que sim, mas só se tivesse um motivo especial para isso.
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