A profissão de comissário de bordo sempre esteve no imaginário das pessoas: viajar o mundo, estar constantemente em aviões e aeroportos, se vestir com os elegantes uniformes e ter um salário atrativo são alguns fatores que fazem dessa profissão o sonho de muita gente. Nesse post, vou explicar como é o processo de seleção para trabalhar como comissário de bordo na Ryanair, empresa low-cost que realiza voos na Europa.
Vale lembrar que para trabalhar na companhia aérea irlandesa você deve ter obrigatoriamente os seguintes requisitos:
- um passaporte europeu
- saber falar inglês
- saber nadar
- ter mais de 18 anos
Não é necessário nenhum curso prévio, já que o treinamento é oferecido pela empresa.
Processo seletivo
O processo de seleção para comissário de bordo na Ryanair é rápido e fácil (lembrando que quando o fiz, durante a pandemia em 2021, foi tudo online, hoje em dia há fases presenciais como o Assessment Day).
Entrei no site da Ryanair, me inscrevi e fiz o teste de inglês. Logo me contataram dizendo que eu havia passado na prova e pediram para enviar meu CV.
Pouco tempo depois, fiz uma entrevista por vídeo e, passado alguns dias, recebi a proposta para fazer o treinamento. O procedimento todo demorou cerca de um mês, entre agosto e setembro de 2021. Vale ressaltar que o processo de recrutamento foi feito com a empresa Crewlink.
O treinamento começaria em outubro em Bergamo, na Itália, e caso passasse, minha base seria em Charleroi, na Bélgica. Porém, uma semana antes de viajar, tive apendicite e fui operado com urgência. Meus planos mudaram e, em janeiro de 2022, recebi outro convite para um novo curso.
Dessa vez, me deram mais opções de datas e locais e acabei optando pelo treinamento em Hahn, na Alemanha, que começaria em fevereiro. A Ryanair oferece voos (desde que seja de um aeroporto onde eles atuem) para os alunos até o local do curso.
Local do curso e definição da base
Fiz o curso em Oberhambach, no interior alemão, a cerca de 40 minutos do centro de treinamento da Ryanair em Hahn, que fica próxima a cidade de Frankfurt. O curso era gratuito e nos davam um per-diem de 28 euros como ajuda de custo para alimentação e afins. Entretanto, tivemos de pagar o alojamento: 890 euros para ficar por seis semanas no Ferienpark Hambachtal, um hotel tipo chalé, com direito a piscina aquecida com tobogã e tudo mais.
Logo nos primeiros dias de curso, eles já nos avisaram qual seria a base de cada um. Ou seja, a cidade e o aeroporto em que trabalharíamos. Era uma lista já pré-definida, não podíamos escolher, a não ser trocar com alguém caso essa pessoa também aceitasse mudar de base.
No email que recebi havia três possibilidades: Paphos, no Chipre; Tessalônica, na Grécia; e Gotemburgo, na Suécia. Escolhi esse treinamento pois me chamou a atenção a oportunidade de morar na Grécia.
Entretanto, minha base, assim como a maioria dos meu colegas, foi Paphos (dez foram para o Chipre, cinco para a Grécia e no final ninguém foi para a Suécia, talvez tenham cancelado essa opção naquele momento).
Aulas, matérias e exames
O treinamento para comissário de bordo na Ryanair durou um mês e meio. As aulas eram em uma das salas do hotel de segunda à sexta, das 9h até as 17h30. A maior parte do curso foi teórica (o professor era um comissário da empresa com bastante experiência), onde nos ensinavam os tipos de aviões, equipamentos, siglas e nomenclaturas, além de nos darem um manual com mais de 300 páginas para estudar matérias como Segurança e Emergência, por exemplo.
Não podíamos ter nenhuma falta e a cada semana tínhamos pequenas avaliações sobre o conteúdo que aprendíamos, mas o que realmente importava eram as provas finais, o Initial Exam e o Conversion Exam. Para mim, os exames não eram difíceis, bastava prestar atenção durante as aulas e dar uma repassada nas matérias antes das provas, mas havia gente que tinha dificuldade, então estudar mais ou menos acabava sendo subjetivo.
A parte prática, e mais divertida, foi no Hahn Training Center, onde há um mock-up de um avião onde fazíamos simulações a bordo, como em caso de incêndio ou algum outro tipo de situação como desmaio por parte da tripulação ou dos passageiros.
Além disso, podíamos descer no escorregador de emergência inflável. Houve também um treinamento para comprovar que todos estavam aptos a nadar, em uma piscina na casa de um simpático senhor, perto do centro de treinamento.
Documentação
Como já disse acima, o único documento que era pré-requisito era o passaporte europeu (como tenho o italiano, pude fazer o treinamento). Para além disso, após ter sido aprovado no processo seletivo, eles pediam o certificado médico AME, válido na Europa.
Na minha opinião, havia muita burocracia por parte da Crewlink em relação à documentação já durante o treinamento. Além de fazer um teste antidrogas, nos pediam inúmeras referências dos cinco últimos anos (a meu ver, algumas delas desnecessárias).
Pediam documentos de trabalhos anteriores, da universidade, certificados criminais e até mandavam email a amigos perguntando se todos os dados fornecidos estavam corretos e eram verídicos. Confesso que cheguei a discutir com a responsável dessa área e até pensei em largar o curso, mas no final deu tudo certo.
Cerimônia final e viagem
Após os exames, houve uma pequena cerimônia com a entrega do certificado do curso, dos uniformes e dos broches da Ryanair e dos nossos nomes. No meu curso todo mundo se formou, tirando uma espanhola que desistiu no meio. Contudo, já ouvi relatos de pessoas de outros cursos que houve gente que não conseguiu passar nos exames.
Um dia depois do final do curso, eu já estava embarcando para minha nova base: Chipre. Lembrando que esse foi meu treinamento na empresa em 2022, quando a pandemia ainda existia.
Atualmente, talvez algumas coisas tenham mudado, então é sempre importante checar no site da companhia aérea quais são as exigências e condições para aplicar para a vaga de comissário de bordo na Ryanair.
